quarta-feira, 20 de junho de 2007

Michael Moore's SICkO (****)

"A Ganância é uma coisa boa!" ja disse o icônico personagem de Michael Douglas em "Wall Street". Mentor e exemplo de uma geração de yuppies e representante máximo de uma geração de pioneiros corporativos do mercado de valor americano, o personagem representa, na verdade, tudo o que há de pior na pilantragem capitalista. Por tanto, um péssimo exemplo para se levar como base.

Isso me veio a cabeça porque tive a oportunidade de assistir antecipadamente o novo documentário sensacionalista de Michael Moore "SICkO" logo após ler um livro que pode soar, pelo título, como mais um daqueles de enganação, mas na verdade é uma análise profunda e datalhada racionalmente sobre o mundo que vivemos nesse novo século, de desesperança e produtos que dizem nos vender a tal esperança (seja ele a coca-cola ou o karma indiano). O livro é intitulado "Como a pilantragem conquistou o mundo", e eu recomendo.
O que correlaciona o novo documento político de Moore ao livro é que vemos, em cenas com pessoas de verdade, como o mundo coorporativo torna a procura por eficiência algo desumano (talvez não internamente a companhia, mas na forma como ela trata todos os outros). Há uma frase boa do narrador no filme que fala sobre como os políticos aprovaram uma lei por amor a suas mães que diz: "talvez eles amem muito suas mães mesmo, mas não amam as nossas".
Como você ja deveria saber o novo filme trata sobre a política de seguro e tratamento de saúde americana, que, sendo privada, esta sempre flutuando ao gostos de mercado daquele povo. Não vou me ater aos detalhes das ações dessas empresas, vou apenas dizer que elas são más. Mas elas quem? talvez não as pessoas dentro delas que estão fazendo seu trabalho porque o sistema do capital exige que se prostituam moralmente para sobreviver. Então quem? Quem se responsabiliza? Quem pode pagar por todos os erros?. A resposta ao final do filme tem que ser óbvia, se não há um "alguem", então são todos.
Isso leva ao segundo grande tema do filme que é o sistema democrático. Um político inglês diz que conhece duas formas de dominação política, ou pelo "medo" ou pela "desmoralização". Ou a pessoa teme algo irracional ou se sente incapaz de mudar algo. As duas obviamente ocorre na terra do Tio Sam, como Michael vêm mostrando em vários filmes.
Apesar de parcial e sensacionalista Michael Moore faz de "SICkO" seu filme mais verdadeiro. Ele consegue deixar de lado sua parte política e entrar realmente no campo social e humano. Até mesmo sua icônica silhueta gorda de Boné aparece menos! Em troca deles temos cenas de fazer chorar, e pensar, e lutar! Senti que não é a toa o fato dele ter mandado cópias de segurança para o Canadá, a fim de seu filme não ser apreendido. Realmente esse filme causará comoção se for visto.
Apesar de cinematograficamente inferior aos dois antecessores o filme de Moore tem a força para ser o mais transformador. Vamos ver no que dá.

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