domingo, 9 de setembro de 2007

Possuídos (Bug) (***)


"Bug" foi uma peça de sucesso no circuito off-broadway (alternativo) de Noba York. O enredo trata do desejo extremo de comprensão e aceitação do ser humano, de uma forma "gore". O filme não fica muito atrás desse gore.
Não sei como era a montagem para o teatro, mas com certeza deve ter sido bem interessante, pois a fluidez da passagem de tempo em um quarto trancado de motel que culmina com o extase de terror e de loucura deve ter funcionado melhor. O melhor do filme é justamente esse enredo (metáfora do desejo humano de não estar sozinho) do que sua realização. O começo é muito bom: misterioso, climático, dramático e até mesmo romantico. Todos esses elementos ao extremo deveriam levar a uma conclusão extremada, na teoria, mas a passagem de tempo não funciona tão bem aqui, pois de repente chegamos la (entendemos o porque, sim, mas não sentimos a loucura dos protagonistas para aceitar como possível), e esse mal funcionamento acaba prejudicando o extase do que-poderia-ser-magnifico-em-loucura-e-anarquia terceiro ato.
Willian Friedlikin (da fama distante de "O Exorcista") faz um trabalho clássico de terror genuíno, e não dos sustos que dominam esses filmes atualmente. Ele trabalha com a mesma presença do demónio, só que dessa vez dentro de nossas cabeças e corações. A fotografia é muito boa, combinando beleza cinematográfica com crueza realista, mas o que domina o filme é a surpreendente atuação da mulher em fim de carreira de Ashley Judd. Magoada, com medo, acabada, triste em sua solidão vemos em seus olhos e expressões do desejo de acreditar em qualquer coisa, mesmo que na loucura de uma vida dolorosa.

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