terça-feira, 21 de agosto de 2007

"Mumblecore": Você ja ouviu, mas talvez ainda não tenha visto...

"Mumblecore" é, segundo a fofoca do mundo do cinema atualmente, a voz de uma nova geração (a nossa geração).
Esse termo foi cunhado como divulgação do evento de sessões de cinema que esta ocorrendo no IFC (meca do cinema independente de Nova York, algo como nosso "Espaço Unibanco"). Mumble que significa "murmurro" e core que significa "essência". Portanto a essência de murmurrar. E no próximo paragrafo me dou um espaço para explicar o que esse tal de "mumblecore".
Como disse no título do post: você ja ouviu, mas talvez ainda não tenha visto. É justamente isso: os filmes "mumblecore" se dignam a filmar, de forma mais realista possível (mas sem perder a essência de "transcendência" do cinema) jovens conversando sobre nada, e para o expectador se transforma nessa "transcendência": o tudo. Se você ja foi a casa de uma amigo e ficou conversando besteiras por horas, sobre sua mísera vida amorosa, ou como passar pela fase 22 de Zelda, enquanto observa a vista urbana do apartamento dos pais, é justamente esse o dialogo que aparece em um filme "mumblecore". Alguns ficam frutrados com filmes assim, eu fiquei frustado. Mas depois de refletir, fiquei frustrado não por ser um filme "chato" (ele continuava na minha cabeça) mas justamente por me ver no filme e perceber como sou frustrado comigo mesmo.


"A voz de uma geração" ja tem seus papas e criadores em alguns diretores como Joe Swanberg (de "Kissing on Mouth" e "LOL") e o dito fundador Andrew Bujalski, o qual tive o prazer de ver o filme que me deixou frustrado ano passado na mostra, "Mutual Appreciation", e que fez "Funny Ha Ha" antes (o fundador do gênero, dizem). Swanberg ainda produz uma novela exclusivamente para a internet, chamada "Young American Bodies". Mas o melhor talvez seja Aaron Katz, que consegue criar imagens belíssimas filmando em DV. Mostrando que cinema não esta na qualidade da produção, mas na essência da mesma. Eles são definidos como algo de Cassevets, Rohmer como essência de Godard e humor dos irmãos Coen. Mas no final acabam sendo eles mesmo: algo novo.

Acho claro que o "Mumblecore" é um movimento genuinamente americano, que mostra a decadência da juventude daquele país. Mas acho possível que esse genêro tenha força para se expandir para a Europa e em um novo formato para a Ásia. A america latina, principalmente o Brasil, ainda esta longe de se inserir em um cinema genuinamente humano, e acredito que dificilmente surgirão diretores de genêro que tenham público fiel (mesmo que pequeno). Seja pela tradição do cinema de mazelas ou do cinema político, ou seja pela cabeça retrógrada de nossos cineastas que se enfiam em produtoras de publicidade e "misturam generos" em suas produções, e, assim, sempre ficam um passo atrás da vanguarda do mundo, o Brasil ficará de fora por que nosso cinema e público ainda não consegue enxergar essência de produção e tragédia humana, não tendo dado um passo a frente nas mudanças desde do "cinema novo" dos anos 60 (que nada tem mais de "novo" e ja ficou até ultrapassado e difundido).


trailer "Apreciação Mutua"


Funny Ha Ha Trailer


início de mumblecore brasileiro de "vitor baumgratz".

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