sábado, 10 de novembro de 2007

Em Paris (*****) e Canções de Amor (****)



"Em Paris" e "Canções do Amor" são duas obras do diretor francês Christopher Honoré e foram uma obra contemporânea bastante autoral e singular, que, ao meu ver, formam a melhor experiência da 31a Mostra de Cinema desse ano.

Em Paris


Em Paris é quase um nouvelle vague contemporânea. É situado na frança, mas não totalmente "em paris", seus personagens levam uma vida comum e as cenas, bem, fluem como se fossem tiradas do dia-a-dia mas com um toque de humor e de realização "pop". É um filho de "Lost In Translation" muito bonito. Louis Garrel, que também é o protagonista em "Canções...", vive um irmão boa vida e fanfarrão que tenta animar seu irmão mais velho que esta depresivo por uma relação amorosa fracassada. Esta é a história. Mas o que vale são os momentos, as paixões sexuais de Garrel, e o amor destrutivo de seu irmão que levam para uma das mais belas cenas do ano, quando ele, tomando coragem, liga para sua amada e os dois cantam um música pelo telefone. E a descoberta de alguma relação familiar que vai além de tudo isso e vale muito mais do que o sexo. Tudo neste filme funciona e têm vida, é facil e recompensador se conectar com esse universo, e quando Garrel conta a história, logo no começo, falando diretamente para a câmera, e para o espectador, sabemos que esta viagem será intima e emocional.

Canções de Amor


"Canções.." é uma obra mais ousada que "Em Paris", conta a história de um casal, Garrel e Sedvignier, que esta em uma relação "a trois" com mais uma menina do trabalho do galã. Eles querem reanimar a relação, mas não se entendem mesmo assim. O que acontece é que por uma fatalidade Sedviginier falece e Garrel sê vê sozinho no mundo, logo depois de estar em uma completa relação a três, e deprimido fica a procura de algo ou alguem para preencher seu vazio, o que encontra nos braços de um jovem rapais que é apaixonado por ele. A história é sexualmente ousada mas no universo que Honoré cria ela se torna "real", aceitável, e leve. Mais uma vez por causa das "simples cenas" de humor, de tristeza, de vida. Mas no que esse projeto ousa mesmo é que a maioria das cenas é conduzida de forma musical, os personagens cantam suas aflições e desentendimentos. Muitos não gostaram, é dificil gostar quando alguem desaba a cantar, realmente. Mas eu acho que este é um dos 5 novos musicais que funcionam esse ano. As músicas não são grandiloquentes (broadway) nem cheias de coreografia, são em sua maioria duetos que mais parecem a discussão entre dois personagens do que um peça artificial. Sem dizer que elas foram escritas para o roteiro, e não adaptadas como em "Across the Universe". O que temos no final é mais uma bela e ousada obra, que em conjunto com "Em Paris" formam a mais completa e singular visão cinematográfica do ano. Vale a pena conferir ambos, são belos filmes, e universais.

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