segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Across the Universe (***) e Hairspray (****)

Dois dos musicais do ano, e que não poderiam ser mais diferentes. O primeiro tenta ser inusitado ao pegar as musicas do Beatles e fazer um apanhado da revolução cultural dos anos 60 através de personagens simbólicos da sonografia dos gênios. Enquanto outro apenas tenta ser um musical normal, no melhor estilo Grease dos anos 50. Você acharia que ousadia é tudo no cinema, bom você esta errado, um filme bom é tudo no cinema.


O primeiro enche o saco depois da sexta musica muito reconhecível e tão escrutinada na representação visual, e literal, que é feita na tela. Em "I wanna hold your hand" alguem quer segurar a mão do amante, apesar de ser num contexto homosexual, e quando vemos que o personagem principal se chama Jude esperamos algum momento de redenção em que a catártica "Hey Jude" irá ser entoada, obviamente que no final. Esse é o problema de se pegar musicas geniais e tentar transformá-las em imagem, a imagem nunca irá alcançar a genialidade e a abrangência de um outro genero artístico perfeito por si só. Apesar de todo o esforço visual da diretora, que é notável, o roteiro carece de uma história melhor do que simplesmente juntar as musicas dos Beatles e achar que elas em contexto ja contam o suficiente. Galera, é um outro meio. Mas apesar disso é um filme agradável.


E nesse contexto temos Hairspray, que é um suceso no que se propõe. As musicas ja haviam sido criadas num contexto de narrativa, para a peça original da Broadway, e a adaptação para as telas que poderia ter sido tosca (outro meio, como disse) é muito bem feita porque toda a cenografia e o contexto visual foi repensado para se adaptar ao que o cinema pode ser. As atuação são boas, com destaque para o achado que é Niki Blonsky como a carismatica personagem principal (John Travolta cumpre seu papel e dança pra caramba como a mãe travestida). O que conta é que imagem e som empolgam, e a vontade do espectador de estar farreando com esse galera atras da tela é garantida. Esse é o poder do cinema, te levar a lugares obascuros da fantasia e imaginação por duas horas, e não apenas a reflexão do material exposto.
E que venham mais musicais. O genero precisa sempre de ar novo.

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